Datafolha: 73% dizem que educação sexual deve estar no currículo escolar Educação
Proibiu-se a distribuição de informativos e livros que buscam informar sobre sexualidade através de argumentos de que este material poderia incentivar a promiscuidade e desvirtuar crianças e adolescentes. Notícias mentirosas sobre ‘kit gay’ foram difundidos, causando equívocos, desinformação e um desserviço. Anula-se de maneira arbitrária propostas bem-intencionadas, tendo como cenário o preconceito e distorções de ideias. No primeiro caso, a educação sexual faz com que os processos de desenvolvimento naturais dos corpos feminino e masculino sejam entendidos e deixem de ser, eles mesmos, tabus sociais. Menstruação, desenvolvimento de seios, presença de pelos, ereção etc. se tornam temas comuns, naturalizados, e que portanto não são alvos de comentários maldosos ou bullying. Para te ajudar a entender o debate acerca da educação sexual, preparamos um conteúdo super completo sobre o tema.
A sociedade de consumo, a mídia e a internet, isso para citar alguns exemplos, fornecem um arsenal de informação para estas pessoas que por sua vez, em desenvolvimento e sedentos de curiosidade, dúvidas e questionamentos no que se refere ao corpo, prazer, desejo e o outro. Muitas destas curiosidades e descobertas consistem em explorar também este outro, logo, a iniciação sexual também acontece cedo e, muitas vezes, causa ainda mais incertezas e dilemas. De acordo com os dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o Brasil registra, por dia, mais de 670 casos de abuso contra crianças de até 6 anos. Um levantamento do Ministério da Saúde observou, ainda, que essas violências costumam acontecer na residência das vítimas.
A falta de informação prejudica a evolução dos adolescentes mantendo-os presos a culturas antigas que não tem embasamento comprovatório como o famoso mito. Da S.; TONEL, L.; SOARES, B. M. Discutindo a sexualidade com alunos do Ensino Médio. IV Seminário Institucional Integrador de Iniciação à Docência PIBID – URI, p. 1-3, 2014.
O formato do projeto
Esse resultado vai ao encontro de outros estudos que evidenciam carência de educação sexual nas escolas (FIGUEIRÓ, 2010; GAVA; VILELLA, 2016; GESSER; Xvideos OLTRAMARI; PANISSON, 2015; NOTHAFT et al., 2014; SILVA; GUERRA, 2013). Especificamente quanto ao tipo de pesquisa realizado, destaca- -se que a maioria dos estudos avaliados se caracterizou como sendo um relato de experiência de intervenções realizadas. Apenas o trabalho de Murta et al. (2012) apresentou o processo de avaliação de intervenções que incluiu adolescentes, familiares e professores. Constatou-se que o programa favoreceu a construção de fatores de proteção para a saúde sexual e reprodutiva de adolescentes, serviu como apoio social para as famílias e sensibilizou para o trabalho em equipe para os professores. A sexualidade pode ser compreendida como um processo construído ao longo do desenvolvimento dos sujeitos, influenciado por aprendizagens e experiências sociais e culturais (LOURO, 2008), que remete ao prazer e à qualidade de vida. Inicialmente, o processo de educação sexual1 ocorre, informalmente, a partir das relações com o ambiente, tendo a família como referência, e, formalmente, como prática pedagógica, nas escolas e instituições sociais (FIGUEIRÓ, 2010; FURLANI, 2011a).
Desse modo, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre a educação sexual em escolas brasileiras, a fim de identificar suas principais características (ano de publicação, autoria, título, objetivos e delineamento), assim como os temas abordados e os profissionais responsáveis pelas ações. Segundo Miranda (2013), é frequente observarmos divergências entre pais e filhos, educadores e educandos acerca das questões relativas à orientação sexual. Observa-se um aumento expressivo da precocidade da vida sexual, da promiscuidade e do número de casos de infecções sexualmente transmissíveis (IST), decorrentes de uma educação sexual inadequada. A escola é compreendida como espaço que cumpre uma função social, responsável pela evolução intelectual, física, social e cultural dos indivíduos. A sexualidade, por sua vez, perpassa todos as fases do desenvolvimento dos alunos e dependerá fortemente das características da formação discente e dos diferentes modelos aprendidos na família e na escola através de professores e funcionários. A grande complexidade contida nas relações, incluindo diferentes percepções, padrões culturais e sociais e visões de mundo, torna essencial que a educação sexual seja trabalhada a partir de critérios norteadores, por profissionais qualificados, no intuito de diminuir conflitos e visões pessoais (DESSEN; POLONIA, 2007; GAVA; VILLELA, 2016).
Além de todo o conteúdo gratuito, aprofunde seus conhecimentos e melhore suas habilidades com a orientação de especialistas. Dados do IBGE revelam que quase 217 mil crianças estão fora das creches em Minas Gerais, o que representa cerca de 10% do total do público no país. O nosso sexo biológico é determinado durante a fase embrionária, quando os órgãos genitais masculinos ou femininos são formados. No entanto, há indivíduos que não se identificam com o gênero atribuído no nascimento. Por exemplo, eles podem ter características físicas femininas, mas se identificam como homens.
A educação sexual no Brasil
Assim, é crucial que a sociedade esteja atenta à saúde mental dos adolescentes, proporcionando apoio e recursos necessários para enfrentar esses desafios emocionais. A puberdade é uma fase crucial na vida dos adolescentes, marcada por uma série de transformações físicas, emocionais e sociais. Esse período, que geralmente ocorre entre os 10 e 19 anos, representa a transição da infância para a vida adulta. A pesquisa das Católicas também considerou o papel da religião quando o assunto é a interrupção voluntária da gravidez —e mostrou que nem sempre é a fé que define a percepção dos brasileiros sobre o assunto. O estudo mostrou, ainda, que o número de brasileiros que defendem que o aborto deve ser legalizado em qualquer circunstância ultrapassa o de brasileiros que acreditam que a prática deve ser 100% proibida, inclusive nos casos já previstos em lei (19% e 14% respectivamente). Falar é necessário e conviver com um mundo sexualizado, que autoriza o jovem a se entregar à prática, é muito distante ainda da construção que esses adolescentes fazem sobre sexo, prazer e desejo.
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As lacunas existem e para algumas pessoas são verdadeiras crateras, que crescem e mantém uma percepção empobrecida de si e dos outros. Ao contrário, os adolescentes solicitam uma explicação e orientação sobre um assunto que é costumeiro na roda de amigos, faz parte do cotidiano, das baladas, na internet. Em 2015 houve uma grande discussão social sobre a inserção dos conceitos de gêneros e, consequentemente, o debate nas escolas. Gênero é a palavra do momento, mas foi banido do texto final do PNE (Plano Nacional de Educação) que traça diretrizes para o setor e que entrou em vigor este ano. Este impedimento aconteceu muito em função da bancada evangélica no Senado que pressionaram Estados e municípios para retirar o termo ‘gênero’ e referências às questões de gênero.
Em nenhum momento a educação sexual visa estimular o sexo precoce, quantitativo e/ou promíscuo, mas sim fomentar a afetividade e a capacidade para o diálogo, ajudando o educando a ser sujeito da sua sexualidade, a decidir e escolher por si próprio, embasado em conhecimentos, reflexões e debates. Consideramos falha qualquer imposição, seja para abstinência, seja para fazer sexo (“faça; se não fizer, você é careta!”). As dificuldades, além das resistências da família e limitações dos próprios professores, de uma proposta de uma Educação Sexual sustentam-se em tabus e preconceitos. Um bom exemplo disso é que em 1998 o eixo de orientação sexual foi inserido nos ‘Novos Parâmetros Curriculares’, mas não se tornou uma realidade até hoje.
Mostrar todos os métodos de prevenção, depoimentos e relatos para trazer reflexões e debates e falar sobre abuso sexual também tão temas necessários na visão da educadora. Em seu site, a Escola de Aplicação tem uma página aberta apresentando as principais discussões do projeto. São temas como construção e reconstrução de identidade, desigualdade de gênero e questões relacionadas à sexualidade e à orientação sexual.
O documento dizia que começar a vida sexual nessa fase leva, entre outras coisas, a “comportamentos antissociais ou delinquentes” e “afastamento dos pais, escola e fé”. Sem lei que determine a obrigatoriedade do conteúdo em salas de aula, o preconceito com o tema enfrenta barreiras políticas, sociais e culturais. A educação sexual é um tema fundamental para o desenvolvimento saudável dos jovens, permitindo que eles compreendam seu próprio corpo, as mudanças que ocorrem durante a puberdade e as relações interpessoais. Pensando nisso, a equipe do site Tudo Sala de Aula preparou uma atividade de ciências sobre sexualidade para o 8º e 9º ano, que irá proporcionar aos alunos uma abordagem esclarecedora sobre o tema. Refletir sobre educação sexual perpassa a questão reprodutiva e necessita de profundidade e contextualização.
Ainda que não seja uma prática recente, os dados apresentados evidenciam a necessidade de avanços na área da educação sexual nas escolas brasileiras, uma vez que suas ações ainda estão pautadas em um tratamento moral e pedagógico. É importante reconhecer que algumas práticas vêm sendo desenvolvidas e que há um esforço por parte de profissionais, especialmente os da área da saúde, para abordar a temática no contexto escolar, mas ainda são muitas as barreiras que impedem a consolidação das práticas previstas nos PCN, as quais precisam ser reconhecidas e superadas. Nessa direção, desenvolver o sentimento de pertencimento e compreender os significados sociais atrelados aos papéis sexuais e às representações culturais possibilita a aproximação entre os indivíduos e faz com que as informações preventivas façam sentido para os adolescentes (FURLANI, 2011b). De acordo com os resultados encontrados nos estudos analisados, as ações de educação sexual nas escolas necessitam avançar nesse aspecto. Para que isso ocorra e os princípios preconizados nos PCN sejam incorporados ao dia a dia escolar, é necessário refletir sobre as formas metodológicas e pedagógicas das práticas desenvolvidas e investir em capacitação docente.
Contudo, podemos assegurar que um trabalho intencional, feito por professores preparados, só vem a somar com a família. É o ensino da sexualidade, desde a infância, que pode ajudar na prevenção da gravidez na adolescência, na prevenção de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), na prevenção do abuso sexual, bullying e toda forma de discriminação e violência. Ele pode também impactar na formação humana da criança e do adolescente, a ponto de não se tornarem agentes do bullying, pois os ajudará a compreender a diversidade humana e a respeitar as pessoas.